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Aprendizados com o desabamento da passarela do hotel Hyatt

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Um dos principais objetivos da perícia de engenharia, ao investigar um evento desastroso, é identificar suas causas.

 

O famoso colapso, ocorrido em 1981, não foi resultado da aplicação de projeto, execução ou materiais inovadores, mas sim de muitos erros simultâneos (como ocorre na maioria dos desastres). Entre os fatores que levaram ao desastre, destacam-se os seguintes:

 

  1. Alteração inadequada no projeto: mudou-se, depois de já iniciada a execução, para um tipo de conexão que não atendia à segurança. Este foi o principal fator de causa do desastre. Essa mudança foi decidida, alegadamente, devido a mal-entendidos entre o fabricante dos materiais, os construtores e os projetistas.

  2. Erro no projeto original, mesmo antes da mudança fatal.

  3. Má gestão do processo como um todo pelo fabricante dos materiais, cliente (hotel), construtores e projetistas;

  4. Execução ruim da obra pelos operários; soldagens mal feitas, inadequadas;

  5. Materiais inadequados, com resistência abaixo da mínima;

  6. Negligência do hotel, que não contratou profissionais habilitados para acompanhar a execução da obra;

  7. Falha da fiscalização (estatal e não-estatal), que permitiua ocupação da edificação mesmo na presença de defeitos graves.

 

Mais de 140 milhões de dólares (264 milhões em valores de 2017) foram pagos às vítimas e suas famílias a título de indenização.

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Lições aprendidas

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Toda causa física tem origem em uma ação humana. A causa física (má conexão) só ocorreu devido ao efeito de ações de grupos de pessoas. Por isso, divido as lições por grupos de pessoas envolvidas no processo.

 

Nesse caso, o ambiente da atividade foi afetado, principalmente, pelos seguintes intervenientes: projetistas, fabricantes, construtores, clientes e poder público.

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Dos projetistas, espera-se competência, o que subentende boa produtividade e qualidade de seu trabalho. No caso do Hyatt, houve mesmo erros de cálculo.

 

Dos fabricantes, espera-se que dêem atenção pós-venda aos seus clientes. Eles devem dar a devida atenção ao que está sendo feito com suas peças estruturais, não se limitando a simplesmente propor alterações que resultem mais práticas para si mesmos, como aconteceu no desastre do Hyatt, em que o pedido de alterar o número de barras levou à especificação equivocada da conexão.

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Dos construtores, espera-se que desempenhem suas incumbências com competência adequada, o que pressupõe treinamento profissional formal. Assim, devem os construtores cultivar e proporcionar condições para a contínua formação profissional da mão de obra.

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Dos clientes, espera-se que arquem com os ônus das suas decisões, especialmente quanto ao custo financeiro das medidas necessárias para a conclusão da construção com segurança.

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Do poder público, espera-se diligência na fiscalização, o que pressupõe funcionários públicos bem remunerados e não sobrecarregados de trabalho.

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De todos, espera-se a compreensão de que é absolutamente indispensável dar atenção adequada a todas as fases do processo que resultará em uma estrutura.

 

Assim, tanto na fase de cálculo quanto na executiva e, especialmente, na presença de alterações, é preciso elaborar e executar os projetos com prazos adequados, dando a devida atenção aos seus detalhes.

 

Sobretudo, é preciso responsabilidade ao se definirem os prazos, que devem ser factíveis.

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Autor: Engenheiro Civil Davi Desimon

Última atualização em Março/2018

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